domingo, 19 de abril de 2009


A palavra “Bully” é de origem inglesa e significa “VALENTÃO”. A maioria das pessoas imagina que Bullying é simplesmente uma prática que se resume a apelidos pejorativos a colegas de escola. No entanto, esse conceito é bem mais amplo do que se pode imaginar. Bullying é um termo que abranger todas as atitudes agressivas, com intenção e com freqüência, que ocorrem sem motivação visualmente justificada, praticada por um ou uns estudantes contra outro(s). Essas atitudes causam dor e angústia, por ser realizada na maioria das vezes numa relação desigual. O desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas é uma característica, desta forma, este comportamento pode acorrer em vários ambientes, como escola, universidades, no trabalho e até mesmo na comunidade. Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de BULLYING, aqui estão alguns exemplos de significados: colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, humilhar, agredir, aterrorizar, intimidar entre outros.

 

ONDE OCORRE O BULLYNG?

 

O bullying é encontrado em qualquer escola de qualquer parte do mundo. Esse ato não é privilégio de escolas públicas, privadas, rural ou urbana. Ou seja, qualquer escola pode ser palco para alunos que praticam Bullying (os valentões). Podemos dizer que existem escolas que desconhecem o problema ou se nega a enfrentá-lo, mas afirmar que não existe essa prática é difícil.

Os alunos se envolvem com o Bullying, independentemente da sua atuação, existem algumas características que são: os alvos que sofrem, os alvos e autores que ora sofrem ora praticam, os autores que só praticam e os que são testemunhas que não sofrem nem praticam Bullying.

Segundo o levantamento realizado pelo Canal de Informações sobre os direitos da Criança e do Adolescente – O Observatório da Infância, que tem como editor Drº Lauro Monteiro, Médico Pediatra. Os alunos que praticam o Bullying, geralmente são de famílias desestruturadas, com pouco relacionamento afetivo entre os familiares. São filhos de pais que usam da agressão para resolver os conflitos existentes dentro de casa. Pais que têm a concepção de que para criar uma criança pronta enfrentar a vida não pode ser com moleza, tem que ser com muita dureza.

Os alvos são membros de grupos que têm auto-estima baixa, não conseguem desenvolver habilidades para reagir de forma que acabe com os atos contra si, possuem um forte sentimento de insegurança que os impede de solicitar ajuda.

As testemunhas, não são apenas testemunhas. Elas representam a maior parte do grupo, vivencia todas as ações violentas e ficam caladas pelo o medo de se tornarem a próxima vitima.

Percebe-se o Bullying na educação infantil, aos três anos já aparece alguma característica que se pode identificar como bullying. No entanto, não podemos dizer que tudo é Bullying, é preciso conhecer muito bem sua característica para poder identificar, perceber que as ações acontecem freqüentemente e com a mesma vítima.

Portanto, assim que os pais identificarem que seus filhos estão sofrendo essas agressões é preciso que a escola seja procurada com a maior urgência. E a criança vítima, precisa de muito carinho e atenção que se sinta amada e segura, para que assim ela possa elevar a cada dia sua auto-estima.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

O Bullying é um problema que merece atenção dos educadores, familiares e comunidade. O papel do professor é de conhecer em primeiro lugar as conseqüências que o Bullying pode trazer as crianças vítimas, para assim prevenir e combater este problema na sala de aula. O professor tem o dever de passar para os alunos a importância do respeito mútuo, do diálogo, da justiça, da solidariedade, trabalhar com as diferenças e os direitos das crianças em sua sala de aula.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

TEMÁTICA APRESENTADA PELOS PCNs

Santana, Érika

            Projeto meu livro: Ciências Naturais, 5º ano: ensino fundamental / Érika Santana, Rodrigo Balestri. – São Paulo: Escala Educacional, 2004.

Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;

            Esta temática nos permite apresentar com clareza os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais presentes no livro escolhido em seu capítulo 4, Preservação do Meio Ambiente.

            Os itens estudados neste capítulo que contemplam os conteúdos conceituais são: “Alguns problemas ambientais ( desmatamento, queimada e ameaça de extinção de algumas espécies animais ).

            O item que contempla os conteúdos procedimentais é: Cuidando do meio ambiente.

            O item que contempla os conteúdos atitudinais é: Projeto Plantando Árvores 

 

RELATÓRIO:

            Em relação ao desmatamento os autores introduzem o assunto com o tema AMAZÔNIA EM PERIGO a partir de informações cedidas pelo Instituto de Pesquisas (INPE) mostrando o desmatamento de parte da floresta Amazônica.

            Em seguida parte para a conceituação dos itens a ser discutidos, quais sejam:  Desmatamento, queimada e ameaça de extinção de algumas espécies animais. Apresenta ainda dados relevantes sobre os municípios mais atingidos alem de sugerir pesquisa de vocabulário, breve questionário e socialização dos conteúdos.

            Os procedimentos observados dizem respeito à sugestão para conversas sobre o assunto com os colegas, relatos de experiências para em seguida questionar sobre que atitudes os alunos tomariam para cuidar do meio ambiente.

            Por fim, são apresentadas várias instituições que cuidam do meio ambiente, parques nacionais que se destinam a fins educativos e científicos, como também o projeto plantando árvores; este, parte de indagações que refletem a relação dos alunos com o cuidado com as árvores, sugerindo ainda visitas ao órgão competente da sua cidade para adquirir mudas e receber orientações sobre o plantio e cuidados adequados.

            As ilustrações fazem um forte apelo visual que ajudam bastante na compreensão do assunto abordado.

 

BIBLIOGRAFIA:

 

Santana, Érika

            Projeto meu livro: Ciências Naturais, 5º ano: ensino fundamental / Érika Santana, Rodrigo Balestri. – São Paulo: Escala Educacional, 2004.

 

B823p Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : ciências naturais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Resenha do livro: “QUANDO EU VOLTAR A SER CRIANÇA”

Felipe Beserra do Vale

Ronnáli da Costa Rodrigues.

Graduandos do Curso de Pedagogia na Faculdade Mauricio de Nassau

 

 

Livro de JANUSK KORCZAK, que viveu no gueto de Varsóvia, onde ficou confinado com 200 crianças, pelo fato de ser judeu. Esse livro é um relato de um educador que na idade adulta volta a ser criança. As experiências vivenciadas por ele, passa ser como criança junto a sua família e convivência escolar.

O seu objetivo com suas palavras envolventes são nos levar a entender, ou pelo menos, procurar entender a cabeça de uma criança. No relato, fica claro que as atitudes dos adultos são de grande importância na vida de uma criança.

O autor sente várias sensações, como: o medo, a liberdade, tristeza, alegria, encantos e desencantos. Como qualquer outra criança sente no seu dia-a-dia. Ao descrever os seus sentimentos de menino, o autor usa uma metáfora muito conveniente, o autor diz o seguinte: “A criança é que nem a primavera. Ou tem sol, tempo bom, tudo é alegre e bonito. Ou de repente vem tempestade, relâmpago, trovões, raios que caem”. E fazendo analogia com os sentimentos dos adultos ele cita: “Já o adulto é como estivesse dentro do nevoeiro envolto numa triste névoa. Não tem grandes alegrias, nem grandes tristezas...”. Esta metáfora é interessante, pois realmente a criança é assim ou ela está radiante, feliz ou do contrário ela está triste. E os adultos nós nunca sabemos seus verdadeiros sentimentos vivem envoltos em sua névoa de fingimento e não deixam transparecer as suas verdadeiras emoções.

Esse livro traz muitas reflexões necessárias para quem deseja trabalhar na área de educação. Os adultos costumam tratar as crianças como seres inexistentes, que não tem vez nem voz. Onde tudo que elas sentem ou falam não tem a menor importância e quando através de atitudes buscam chamar a atenção de alguma forma, logo o adulto a repreende e a ridiculariza sem se importar se ela está na frente de seus amigos ou colegas. É triste saber que atitudes como esta é freqüente na vida de muitas crianças nos dias de hoje, onde se prega os Direitos da Criança e do Adolescente.

Essa experiência nos mostra que as ações dos adultos afetam as crianças de uma forma bem significativa. Existem muitos educadores que tratam as crianças como se elas não tivessem idéias interessantes, que o que elas falam não tem significado, sabemos que não é bem assim, elas tem muita sabedoria e uma complexidade que alguns adultos não tem.

Nesse sentido, é que Janusk quer mostrar sua figura dramática de volta a infância como um momento de reflexão, só quando formos capazes de nos colocar no lugar de uma criança para ter a noção do tamanho das experiências que elas vivenciam no dia a dia. Em vários momentos simplesmente ignoramos as crianças, não damos atenção a suas dúvidas e a maior parte do tempo estamos cobrando algo delas, não paramos para refletir que elas também têm desejos, vontades e sonhos. Apenas enxergamos nossas crianças quando elas nos causam algum tipo de aborrecimento.

Partindo desse pressuposto, podemos observar nos momentos de lazer, crianças cheias de energia e entusiasmo usando todo tempo e espaço possível para desenvolver suas brincadeiras que na maioria das vezes são interrompidas por adultos que não dão a devida atenção à liberdade que a criança necessita de se movimentar.

        Portanto, todos aqueles que almejam trabalhar com crianças deveriam ler o livro e perceber que as crianças pensam igual e muitas vezes até mais profundamente que os adultos. O universo infantil é muito rico e contribui em grande parte para a formação de todos com quem eles convivem.

domingo, 30 de novembro de 2008

PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA


Disse Freud, que para muitos pais seria impossível educar bem seus filhos realizando todos os seus desejos, sem restrições. Esses pais acreditam que é inviável atender todos os desejos dos filhos. Hoje em dia, a confusão de valores, o uso de regras e modelos e o medo de errar por vezes abafam a tendência natural que é dizer não para tudo ou atender todos os desejos sem limites. Todavia, o que eles precisam é alcançar equilíbrio entre o sim e o não nesses momentos.

O comportamento social das crianças da primeira e da segunda infância existe entre elas uma grande diferença. A criança da primeira infância é aquela que se enxerga no centro de todas as coisas, ou seja, tudo gira ao seu redor. Já as crianças da segunda infância conseguem sair dessa etapa e fazer parte do ambiente em que ela já não se sente mais o centro de tudo e passa a percebe o outro. Essa mudança de uma para a outra dependerá muito da vivencia de cada uma delas.


Sabemos que a criança não desenvolve seu comportamento social simplesmente numa sala de aula com qualquer que seja a disciplina, ela desenvolve esse comportamento através das suas condições biologias, sociais, ecológicas, econômicas, culturais, etc. Na maioria das vezes, espera-se que a criança aos 7 anos por estarem teoricamente na segunda infância alcance o grau de socialização desejado estando assim preparada para conviver com crianças da mesma idade ou mais velha um pouco na escola. Porém, é na escola que a criança tem ficar parada sentada numa fila de cadeiras observando um professor que está ensinando, sem poder ao menos movimentar-se de um lugar para outro.


Muitos pais esperam que seja na escola o lugar em que a criança avance cada vez mais no processo de socialização. Sendo assim, os educadores precisam estar conscientes de que é papel da escola oferecer subsídios como estratégia de inclusão e socialização para essas crianças. Umas das estratégias seria a recreação, que é uma prática prazerosa em que os alunos participam de atividades descontraídas. Ela pode ser uma importante estratégia de inclusão e socialização, além de desenvolver as habilidades psicomotoras das crianças.


A socialização de uma criança desenvolve harmoniosamente adquirindo superioridade sob o ponto de vista da independência, confiança em si, adaptabilidade e rendimento intelectual, portanto, o tempo de cada criança desenvolver-se é completamente individual, por ela ter 7 anos não quer dizer que o tempo dela seja igual ao de outra criança da mesma idade. São as experiências vividas por cada uma delas que possibilitarão esse avanço. Sendo assim, cabe ao professor estimular e orientar a criança, considerando os estágios de desenvolvimento, desafiando-a sempre a pensar por si própria. Criando um ambiente que estimule a atividade criadora da criança, além de contribuir para o seu desenvolvimento global, estará, certamente, favorecendo a aproximação da criança à realidade escolar.


As crianças que tiveram a oportunidade de desenvolver atividades na primeira infância como: percepção visual, coordenação motora, percepção auditiva, linguagem oral, Educação Artística e Educação Física entre outras atividades que integram o processo de aprendizagem da criança com o processo de socialização, são crianças que o desenvolvimento cognitivo já está em construção, pois tiveram oportunidade de passar pela primeira infância de uma forma que não sofrerá conseqüências na segunda infância tendo que se socializar com os outros sem ter vivido experiências pertinentes ao seu estágio de desenvolvimento.


Para Florestan Fernandes, a brincadeira cria um espaço para aprender. As crianças na maioria das vezes gostam de brincar imitando os pais e a professora,  e essas brincadeiras não passam de uma simples brincadeira. O que para os adultos é coisa séria, para as crianças tudo não passa de uma boa brincadeira. Por isso, a participação da família nesse processo é imprescindível, o desenvolvimento da criança deve ser acompanhado principalmente pelos pais, pois a escola é apenas um suporte facilitador para todo o processo. Os pais devem acompanhar a rotina da criança na escola e propiciar momentos que ajudem cada vez mais o desenvolvimento do processo de socialização de seus filhos. Os sinais do comportamento social da criança aparecem muito cedo, basta ser observados com muita atenção através de seus atos e é a família que vai estar presente nesse momento.


            Piaget escreveu: " basta observar um bebê de dez a doze meses para notar a quantidade desses rituais que anunciam as regras dos futuros jogos". Portanto, a inteligência depende essencialmente de como cada indivíduo interage com o meio e compreende os seus signos, articulando as informações de uma forma que lhe permita uma participação efetiva na realidade circundante.


Segundo Winnicott (1975), “o brincar facilita o crescimento” e, em conseqüência, promove o desenvolvimento. Uma criança que não brinca não se constitui de maneira saudável, tem prejuízos no desenvolvimento motor e sócio/afetivo.  Possivelmente torna-se-a apática diante de situações que proporcionam o raciocínio lógico, a interação, a atenção etc.

 

Para Le Boulch que dedicou-se à assuntos mais ligados a Educação Física: “Desde cedo o inicio do desenvolvimento psicomotor inicia-se o processo de socialização, uma vez que o equilíbrio da pessoa só pode ser pensado pela/e na relação com outrem", ou seja, a criança se desenvolve tanto socialmente como intelectualmente através da convivência com outras crianças e nas experiências vividas no seu dia a dia.

 

Brincar é parte integrante da vida social e é um processo interpretativo com uma textura complexa, onde fazer realidade requer negociações do significado, conduzidas pelo corpo e pela linguagem. (FERREIRA, 2004, p. 84)

 

As regras, tal como deve ser utilizada socialmente, se manifesta com evidência mais ou menos dos 7 aos 11 anos e nessa fase que a ação da professora não pode ser simplesmente submeter as crianças às regras adultas, mas sim, estimulá-las a utilizá-las como recurso de convívio.


 Então, vimos que o lúdico e infância não podem ser dissociados, toda atividade da criança deve ser espontânea, livre de qualquer repressão, antes de tornar-se subordinada a projetos de ações mais extensas e transformadas.  Portanto, o jogo é uma ação voluntária que possibilita a socialização da criança.

O JOGO (Segunda a teoria de Wallon)

Este artigo discute o desenvolvimento educacional através dos conceitos de atividade lúdica, jogo e trabalho na perspectiva de Wallon. O que a psicogênese diz em relação ao jogo, qual a sua importância, como Wallon aborda o pensamento de outros teóricos, quais os pontos convergentes e divergentes, qual a sua justificativa face às opiniões de grandes nomes, como Piaget, Vygotsky, Janet entre outros.

Wallon foi um estudioso que dedicou-se ao psiquismo humano na perspectiva genética, ou seja, ele defende a gênese da pessoa, na qual justifica o seu interesse pela  evolução psicológica da criança.

            A psicogenética walloniana oferece subsídios para reflexão sobre as práticas pedagógicas. Ele considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e perceber o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribuem a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo). Pois o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio.

            Partindo desse pressuposto, podemos dizer que a infância é um momento real e distinto de todos os outros, por isso mesmo, deve ser considerado de acordo com as suas peculiaridades. É neste período que expressamos nossos sentimentos, nossa criatividade da forma mais espontânea possível quando as atividades lúdicas são predominantes. Sabemos que é através das brincadeiras que as crianças estabelecem relação com o meio, interagem com o outro, para construir a própria identidade e desenvolver sua autonomia.

 

As idéias de Wallon foram baseadas em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: afetividade, movimento e inteligência. 

A afetividade tem papel predominante no desenvolvimento da pessoa. É por meio dela que o aluno exterioriza seus desejos e suas experiências. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado devido a influência dos modelos tradicionais de ensino.

O movimento depende fundamentalmente da organização dos espaços para elaboração de atividades que promovam o desenvolvimento motor com fins educativos. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação social.  No entanto, a escola insiste em tratar a criança como um ser passivo, limitando a fluidez do movimento, das emoções e do pensamento, tão necessárias para o desenvolvimento completo da pessoa.

A inteligência depende essencialmente de como cada indivíduo interage com o meio e compreende os seus signos, articulando as informações de uma forma que lhe permita uma participação efetiva na realidade circundante.

A identidade e a autonomia têm uma relação direta com o desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo; necessitando para tanto a promoção de situações de aprendizagem que possibilitem experiências no sentido de oportunizar ao indivíduo a consecução dos valores morais, culturais e éticos da sociedade onde vive, de modo a se tornar participativo e a contribuir para o desenvolvimento da mesma.

 O JOGO 

            As pesquisas em relação à importância do jogo na infância não são poucas, são várias as concepções, mas, para Wallon, as concepções “se confundem enquanto essa atividade se mantém espontânea e não recebe o seu objeto das disciplinas educativas”(WALLON, p. 75, cap. V). 

             Segundo Winnicott (1975), “o brincar facilita o crescimento” e, em conseqüência, promove o desenvolvimento. Uma criança que não brinca não se constitui de maneira saudável, tem prejuízos no desenvolvimento motor e sócio/afetivo.  Possivelmente torna-se-a apática diante de situações que proporcionam o raciocínio lógico, a interação, a atenção etc. 

Ao discutir autores como W. Stern e Ch. Buhler, Wallon percebe que o jogo é concebido a partir de como foi assimilado pelo adulto, com quatro fases determinadas  que devem ser levadas em consideração, quais sejam:

  •  Os jogos funcionais acontecem da forma mais simples e natural, quando a criança descobre o prazer de produzir som, executar as funções que a evolução da motricidade lhe possibilita e sente necessidade de pôr em ação as novas aquisições, do tipo: gritar, explorar os objetos, entre outros.
  • Os jogos de ficção são atividades em que o faz-de-conta, a imitação estão presentes, ou seja, ela usa um brinquedo assumindo papéis de pessoas que estão presentes no seu dia-a-dia. (brincar de imitar os pais, o professor ou até mesmo um animal).
  • Nos jogos de aquisição a criança é “todo olhos, todo ouvidos”, começa por compreender, conhecer, imitar músicas, gestos, imagens.
  • Por último, os jogos de fabricação, que são jogos onde a criança se entretém com atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos. Os jogos de fabricação são quase sempre as causas ou conseqüências do jogo de ficção, ou se confundem num só. Quando a criança cria e improvisa o seu brinquedo: a boneca, os animais que podem ser modelados, isto é, transforma matéria real em objetos dotados de vida fictícia. 

Em sua teoria Wallon diz que é através da imitação que a criança vive o processo de desenvolvimento que é seguido por fases distintas, no entanto, é a quantidade de atividades lúdicas que proporcionarão o progresso, e diante do resultado, temos a impressão que a criança internalizou por completo o aprendizado, mas, ela só comprova seu progresso através dos detalhes. 

Portanto para que o movimento alcance eficácia, para que seja uma ação verdadeiramente completa, necessariamente a criança experimenta as quatro fases comentadas acima. A isto Janet denomina função do real.

 Wallon compreende que as etapas do desenvolvimento, evidenciam atividades em que as crianças buscam tirar proveito de tudo. Os jogos comprovam as múltiplas experiências vividas pelas crianças, como: memorização, enumeração, socialização, articulação, sensoriais, entre outras. 

Ele recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal). Manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud, destacando contradições entre as teorias, pois para ele essa seria a melhor forma de se buscar o conhecimento. O seu método era totalmente voltado à observação “só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida” (WALLON).

 Nos debruçando nas idéias de Wallon percebemos que, os jogos para a criança é progressão funcional, já para o adulto é regressão, “porque o que existe é a desintegração global da sua atividade face ao real" (WALLON, p. 79). Ou seja, para o adulto acontece o contrário, pois ao longo da vida o homem se aborrece por ser criança e quer o mais rápido possível se desligar completamente das atividades lúdicas, aproximando-se de atividades como o trabalho. Posteriormente deseja ser criança outra vez, então relaxa quando está ao lado de uma criança, se permitindo realizar atividades sem compromisso.

 Por isso, o jogo é visto como “uma infração às disciplinas ou às tarefas práticas" (WALLON, p. 80), mas por outro lado, as crianças não as negam nem ignoram, mas as colocam sob as necessidades das ações lúdicas.

 Vimos que sua concepção diz que, o lúdico e infância não podem ser dissociados, toda atividade da criança deve ser espontânea, livre de qualquer repressão, antes de tornar-se subordinada a projetos de ações mais extensas e transformadas.  Portanto, o jogo é uma ação voluntária, caso contrário, não é jogo, mas sim trabalho ou ensino.

  Sendo assim, ao papel do adulto/educador se faz necessário uma vivência em todas as fases da infância, pois é importante ter atrelado ao seu auto-conhecimento e autoconsciência, o conhecimento teórico. Desta forma, ele estará preparado para intervir no jogo infantil, de maneira adequada, destacando o progresso e proporcionando mais crescimento. O adulto deve ser um facilitador do jogo e não um jogador.

             A brincadeira acontece independente do local que a criança esteja. Basta ter algo que a estimule, que logo ela começa a imaginar e consequentemente ela assume um papel, tomando como referência pessoas que são importantes no seu dia-dia, viajando em um mundo de criações e fantasias, com muito movimento, expressando sentimentos.

             É da natureza do ser humano, ser expressivo, afetivo e social, embora, em algumas pessoas estes aspectos em parte estejam bloqueados. Por isso, é preciso trabalhar o ser humano por completo, para que essas características sejam desenvolvidas, independente de idade. Assim, o educador deverá estar preparado para ter condições de intervir e proporcionar com maior intensidade o desenvolvimento da criança, sabendo que ela é como todo mundo, uma mistura extremamente completa de capacidades e limitações.

            Percebemos que ao dialogar com vários teóricos a respeito do jogo, Wallon articula idéias aparentemente contraditórias de forma a nos fazer entender em que momentos elas se complementam e se afirmam; como elas se refletem no desenvolvimento da criança, o que representam para o adulto e qual a significância que têm para relação do homem com o meio em que vive.

 REFERÊNCIAS

 WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: IMAGO, 1975.

WALLON,Henri,  A Evolução Psicológica da Criança – Lisboa: edição 70, 1981.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. São Paulo, Zahar, 1975.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984. 


Autores: Cleudo Alves Freire; Daiane Soares da Costa; Ronnáli da Costa Rodrigues; Rozeli Maria de Almeida